Bruna, em seu livro de estreia, Poetiquase, assume no poema Catarse da Sobrevivência a máxima poundiana do artista como antena da raça. De modo que trazer a materialidade do corpo neste seu segundo livro, com a sexualidade nomeada, vai além de uma atitude que revisita temáticas consideradas malditas. É antes um posicionamento, pela via da poesia, que capta questões emergentes e ainda cercadas por interditos.
A poeta provoca e conduz o leitor por uma semântica explícita, mas o faz trazendo a experiência física do corpo como força atuante no organismo da escrita. A própria poesia é o anticorpo, que escapa das convenções e encara o que se apresenta, muitas vezes, como algo incômodo.
Tratando de temas como gozo, menstruação, masturbação, desejo, fetiche e sexo explícito, a poesia de Bruna constrói o espaço de um corpus poético específico, costurando o limiar entre o erótico e o obsceno, o feminino e o masculino, ao mesmo tempo em que se confirma como resistência à opressão.
Autor(a): Bruna Kalil Othero
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